sábado, 9 de outubro de 2010

Calçada.

                      Pensei que era outro sonho ou mesmo mais um devaneio como tantos outros...

Olhei ao redor, pude notar que tinha voltado a sentar-me na calçada da praça das lembranças doces e saudosas. A praça da esquina das tantas despedidas estava ali acompanhada pelo vulto que também havia sentado. Ouvia minhas palavras rompendo o silêncio a suplicar por um sim, um não, querendo apenas um norte... Precisava inquietar meu coração.

Queria eu, algo com nome ou sem nome, mas que pudesse ser chamado de meu. Tentava falar do quanto minha cabeça almejava por um colo. Mas, lagrimas tropeçavam minhas palavras e no impulso desordenado de todos os sentimentos que ali circulava, levantamos da calçada e seguimos a andar. A voz do meu lado seguia falando em liberdade e desencontros, tornando em seguida um sussurro que ficava cada segundo mais baixo.

Seguimos sem destino, mas a partir daquele momento caminhos diferentes. O vulto foi levado pelo vento e eu segui a lua em seu encantamento. Quando dei por mim, caminhava só. Queria voltar e falar pra não se preocupar. Ansiava em dizer que ia ficar bem, que iria me recompor e que a dor era suave, porém, inevitável!

Balancei a cabeça tentando tomar tento e tratei de limpar os olhos. Com estranheza a dor fez derramar um líquido quente sobre minha face. Pude ver então, não era uma mutante e com isso a dor podia extravasar-se as lagrimas. E eu sentia, sentia muito com todo um coração que pulsa a questionar:

- Será o amor, o que nos torna humanos?

- Pode ser tão somente ele...

Esqueço-me das horas transviadas, sigo uma leve brisa, torno-me leve com ela. Na mesma leveza, penso que de alguma forma o dia foi bom. Tudo segue como o dia de amanhã que nasce na morte do dia de hoje.

Suave a memoria lembrando-te assim, com um afeto. Bendita seja eu por tudo quanto amei...

Bendito assim os dias que seguem, o amor transforma e como profere o poeta que canta:

- “A poesia prevalece!”.


Desnudo a alma e sigo...