terça-feira, 6 de julho de 2010

Boneca quebrada


A festa começa...

Casa cheia, bebidas, cigarros, músicas que embalam risadas e eu tentando me encontrar. Mas, sabe o desconforto de usar uma roupa que não é seu número? Simples, se corrige com a troca da peça. Porém, o que fazer quando a alma está incompatível com o tamanho de seu corpo?

Entre a fumaça as feridas resolveram latejar...



Saudade de quando a luz se apagava, quando podia ver teu corpo com minhas mãos.

Meu sangue circula de forma desordenada, tentando criar uma inestancável hemorragia. Minhas angustias saem pelos poros e o seu cheiro me causa náuseas.

Paro pra falar com alguns conhecidos e minhas mentiras sobem por minha garganta tentando virar verdade, mas, são detidas por minha hipocrisia.

Ah! AS escolhas dessa vida... Em que segundo isso é dado? Uma angustia invade minha alma, a dúvida do próximo passo me atormenta. A falta de uma voz que me diga de forma doce e firme: - não sei pra onde você deve ir mas não importa, estarei segurando sua mão!

(Com isso o “onde” já nem me importa mais).

Tenho fome de coisas concretas e palpável. O mundo pede paciência, mas eu quero uma guerra interior; quero mover moinhos. Já me basta ficar admirando o movimento das águas.

Penso que de alguma forma estamos mais presos aos antigos dogmas do que possamos supor. Vivemos adiando a felicidade como se essa não fosse de merecimento nosso. E essa de sofrer hoje, pra ser feliz amanhã, não me motiva mais. Mesmo sabendo que minhas vontades não mudam as direções dos ventos. Então, já posso escolher que vento seguir.

O fim da noite chegou, todos se foram...

Chorei como uma boneca quebrada e lembrava dos teus abraços enquanto limpava os cacos.

Te deixo ir...

Fico com minha histeria sem som.

Corro pra janela, como corre quem espera. Mas, corro pra ver tua partida. Teus passos seguem na mesma leve já que me fez um dia te olhar. Olho com a doçura da primeira vez.

Aquele velho aperto no peito. Cadê a serenidade adquirida? Sentimentos ainda desordenados. Sem saber o que fazer, sem lembrar ao menos como respirar.

Ah! O abatimento em nossos corpos era indisfarçável.

Antes a duvida do próximo encontro, agora a certeza do “nunca mais”. Fico com as lembranças armazenadas em minha falha memória humana.

Teu cheiro que se apaga em minha pele lentamente.

As miudezas que compunham o cenário que um dia foi nosso e a rotina que tenta apagar a nitidez de minhas lamurias.

Me pego aqui, com esse coração na mão, pra abrir com um abridor de latas pra ver o que tem dentro.

Já é tarde coração, tudo havia partido silenciosamente como chegara.

Vou tentar recompor imagens sem conseguir.

...