Vago por entre o labirinto das lembranças. Atento-me para cada curva percorrida em teu corpo, cada cheiro fundido com a química de nossa pele. Recordo-me das palavras não ditas, dos lugares que não visitamos, do escurinho do cinema, gestos, das despedidas com vontade de ficar, mãos que se encontravam tímidas e dos olhares presos pelo carinho.
Dos sentimentos dois: Esquiva e aceitação. De um lado uma obrigação de seguir, do outro me finco na vontade de ruminar as lembranças. Como uma menina que fica olhando a estrada, esperando algo passar...
Acorda menina, acorda!
- será capricho meu?
Em outros tempos, quando começava esquecer eu ligava pra não deslembrar da voz. Mas, a liberdade de ligar foi-me roubada. Assim como o corpo, boca e alma, que um dia foram violados pelo prazer.
Minha voz estremece em gritos mudos: - Como seguir? Pra onde recomeçar? Abandonar velhos sentimentos?
Não sei como, nem por qual caminho, mas sei que tenho que seguir. E reaprender a andar, assim como uma criança: engatilhar, dar passinhos, andar e correr. Quanto os sentimentos, abandoná-los seria o mesmo que arrancar um fígado, o baço. Só ver os dias seguirem não me basta.
Seria preciso também abdicar os sentimentos?
Nesse monologo que transcende essa folha, abraço as recordações à mercê de minha falha memoria humana.
Saudades do corpo na penumbra!